ESQUADROS, de Adriana Calcanhoto
Eu ando pelo mundo Prestando atenção em cores Que eu não sei o nome Cores de Almodóvar Cores de Frida Kahlo Cores! Passeio pelo escuro Eu presto muita atenção No que meu irmão ouve E como uma segunda pele Um calo, uma casca Uma cápsula protetora Ai, Eu quero chegar antes Prá sinalizar O estar de cada coisa Filtrar seus graus... Eu ando pelo mundo Divertindo gente Chorando ao telefone E vendo doer a fome Nos meninos que têm fome... Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle... Eu ando pelo mundo E os automóveis correm Para quê? As crianças correm Para onde? Transito entre dois lados De um lado Eu gosto de opostos | Exponho o meu modo Me mostro Eu canto para quem? Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle... Eu ando pelo mundo E meus amigos, cadê? Minha alegria, meu cansaço Meu amor cadê você? Eu acordei Não tem ninguém ao lado... Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle... Eu ando pelo mundo E meus amigos, cadê? Minha alegria, meu cansaço Meu amor cadê você? Eu acordei Não tem ninguém ao lado... Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle... |
Beatriz Milhazes. Love. 2007, acrílica sobre tela, 196 x 248 cm
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"O pintor não deve educar somente os olhos, é a alma, sobretudo, que ele deve tornar capaz de pesar a cor em suas sutis balanças, de desenvolver todos os seus meios para que, no dia do nascimento de uma obra, ela não esteja apenas em condições de receber impressões exteriores (e, naturalmente, por vezes, de suscitar impressões interiores), mas também de agir como força determinante. Wassily Kandinsky